1 – Qualidade e Segurança na Administração de Fármacos

Qualidade na Administração de Fármacos

A qualidade na administração de fármacos é um conjunto de ações sistematizadas que garantem que o paciente receba o medicamento correto, na dose adequada, pelo tempo necessário e com o mínimo risco possível. É um conceito que integra processos organizacionais, qualificação profissional, controle rigoroso e atenção aos detalhes, promovendo tratamentos eficazes e seguros.

A qualidade envolve:

✔ Padronização dos processos

• Implementação de protocolos clínicos e operacionais baseados em evidências científicas.
• Realização de treinamentos regulares para toda a equipe multiprofissional.
• Uso de checklists, dupla checagem e ferramentas de apoio para minimizar falhas humanas.
• Adoção de sistemas informatizados (prescrição eletrônica, prontuário eletrônico) para reduzir erros de transcrição e legibilidade.

✔ Armazenamento adequado dos medicamentos

• Controle de temperatura, umidade e luminosidade conforme orientação do fabricante.
• Organização física por categorias (controlados, termolábeis, materiais inflamáveis, antibióticos etc.).
• Rotina de inspeção diária para verificar validade, integridade das embalagens e condições de conservação.
• Registro e rastreabilidade de lotes, especialmente em casos de devolução ou recall.

✔ Checagem completa das prescrições

A análise da prescrição é uma etapa crítica de qualidade. Deve incluir:

• Legibilidade e clareza da prescrição, minimizando interpretações equivocadas.
• Avaliação da coerência da dose, intervalo de administração, concentração, via e tempo de infusão.
• Verificação de interações medicamentosas, duplicidades terapêuticas, contraindicações e compatibilidades.
• Conferência do histórico clínico, exames laboratoriais relevantes e comorbidades.
• Comunicação com o prescritor em caso de dúvidas, erros ou divergências.

✔ Registro correto e sistemático

Registrar de forma clara, organizada e rastreável todas as etapas do processo garante confiabilidade e segurança. Isso inclui:

• Horário da administração;
• Assinatura ou identificação do profissional;
• Lote, concentração e apresentação do medicamento;
• Ocorrência de reações adversas;
• Justificativas para atrasos, recusas ou suspensões.

Um bom registro promove continuidade do cuidado, reduz falhas de comunicação e protege tanto o paciente quanto os profissionais.

✔ Cultura de qualidade

A qualidade também depende de uma cultura institucional baseada em:

• Melhoria contínua;
• Análise de incidentes sem punição (culture of safety);
• Incentivo à notificação de erros e quase-erros;
• Comprometimento ético com a segurança do paciente.

---

Segurança na Administração de Fármacos

A segurança é o conjunto de medidas que previnem erros, reduzem danos e promovem o uso responsável dos medicamentos. É um eixo central das práticas em saúde, integrando técnica, atenção plena e comunicação.

✔ Os 9 Certos da Administração Segura

São princípios fundamentais que orientam a prática:

1. Paciente certo – conferência por identificação nominal, pulseira, prontuário e confirmação verbal.
2. Medicamento certo – verificar nome comercial ou genérico, concentração e apresentação.
3. Dose certa – conferir dose prescrita x dose disponível, aplicar cálculos corretos.
4. Via certa – oral, IV, IM, SC, SL, tópica etc., respeitando recomendações do fabricante.
5. Hora certa – observar frequências, intervalos e horários críticos.
6. Registro certo – anotações completas e imediatas.
7. Orientação certa ao paciente – explicar finalidade, efeitos esperados e potenciais reações.
8. Forma certa – comprimido, cápsula, solução, suspensão, ampola, frasco-ampola etc.
9. Resposta certa – monitoramento de sinais vitais, efeitos terapêuticos e possíveis reações adversas.

Esses passos reduzem significativamente incidentes relacionados à administração de fármacos.

✔ Outras medidas de segurança importantes

• Verificação de alergias e histórico clínico

• Confirmar alergias medicamentosas, alimentares e reações prévias.
• Avaliar função renal e hepática para ajustes de dose.

• Monitoramento de efeitos terapêuticos e adversos

• Observar efeitos esperados e sinais de toxicidade.
• Acompanhar níveis séricos em medicamentos de faixa estreita (ex.: digoxina, varfarina, aminoglicosídeos).

• Práticas assépticas e uso de EPIs

• Lavagem e higienização das mãos;
• Uso correto de luvas, máscaras e proteção ocular;
• Manipulação estéril em ambiente adequado (ex.: preparo de soluções injetáveis).

• Comunicação segura

• Notificação imediata de erros, discrepâncias ou eventos adversos.
• Padronização da comunicação entre profissionais (ex.: técnica SBAR);
• Explicação clara ao paciente sobre o medicamento e possíveis reações;